Esta nota editorial pertence ao segundo número da décima sétima edição da Revista de Arqueologia Histórica Argentina e Latino-Americana, correspondente ao segundo semestre do ano de 2023. Este número conta com três artigos e uma nota. Zapata e Carosio et al. apresentam as primeiras abordagens na investigação de um dos bairros mais antigos de Bogotá (Colômbia) e do sítio histórico rural Santa Eugenia (província de San Luis, Argentina), respectivamente. Gluzman e Chesini Remic nos convida para uma maior discussão sobre a importância das revisões interpretativas, enquanto Acedo e Leoni apresentam um achado arqueológico inédito que nos remete a um momento chave da história nacional argentina.
O primeiro artigo, escrito por Alejandro Pardo Zapata, tem como título "Sobre animais e alimentos: um estudo das práticas alimentares na Plaza de las Nieves (Bogotá, Colômbia) entre os séculos XVI e XVII”. Seu foco é analisar, do ponto de vista da zooarqueologia, a formação de práticas alimentares a partir das perspectivas teóricas dos Foodways e da Identidade Cultural Alimentar em um dos bairros mais antigos da cidade de Bogotá (Colômbia). Os dados coletados em torno do nível de acesso, produção e consumo de restos de animais permitem vislumbrar uma população híbrida relegada ou não elite e interage com os espaços públicos ao redor e, portanto, a formação de diferentes práticas sociais nas cidades coloniais, como Santafé.
O trabalho de Geraldine A. Gluzman e Andrés M. Chesini Remic, “Fragmento de objeto de ferro em “conflito”. Uma avaliação tecno-funcional 15 anos depois”, apresenta um novo olhar através de estudos metalográficos e composicionais. A análise da peça, encontrada no povoado indígena de Ampajango II (Catamarca, Argentina), foi inicialmente apresentada nesta mesma revista no Vol. 2 (2008). Os novos resultados indicam um fragmento de cota de malha, permitindo uma interpretação mais precisa de seu uso primário como elemento de proteção corporal dos conquistadores, além disso, permite a elaboração de hipóteses sobre a forma como esta peça ingressou e foi significada dentro das populações indígenas em um contexto de conflito.
O artigo de Sebastián Carosio, Catriel Greco e Guillermo Heider, “Uma primeira abordagem ao conhecimento do grupo cerâmico do sítio rural histórico Santa Eugenia (Renca, província de San Luis) expõe os resultados das análises macroscópicas e submacroscópicas realizadas em os grupos de cerâmica recolhidos em trabalhos de resgate arqueológico na área. O foco foi nos processos de fabricação cerâmica, suas possíveis funcionalidades e o contexto regional, como nas alterações e continuidades técnicas ao longo de vários séculos. Ressaltando como este trabalho constitui uma primeira base de dados comparativa dentro das investigações arqueológicas regionais.
Finalmente, a nota de Teresa R. Acedo e Juan B. Leoni com o título “Belgrano no Alto Peru. A caracterização histórica e iconográfica de uma insígnia militar da Guerra da Independência do sítio Casas Grandes (departamento de Humahuaca na província de Jujuy)”, assinala um achado com poucos precedentes na arqueologia argentina. A insígnia militar, cuidadosamente limpa e conservada de forma preventiva, possivelmente pertencia ao regime de cavalaria criado por Manuel Belgrano, e pode ter sido cunhada em Potosí. As análises deste objeto nos possibilita um olhar sobre o processo de criação e cunhagem, bem como a importância da referida insígnia e do seu simbolismo para promover a identidade e unidade do regimento militar face a uma situação cada vez mais complexa a nível militar.
Por outro lado, temos o prazer de anunciar que foi concluído o longo processo de conversão de todos os arquivos da revista para o formato HTML, facilitando o acesso gratuito a cada um dos artigos em diferentes plataformas. Ao mesmo tempo, e no âmbito da divulgação de cada um dos artigos publicados, a revista lançou um perfil próprio nas redes sociais TikTok e Threads.
Por fim, nos orgulhamos de dar as boas vindas a Astrid Rearte e Paula Vega na equipe editorial, responsáveis pelas redes sociais e acadêmicas e pela edição da revista, respectivamente. Ambas são pessoas altamente qualificadas pelo seu trabalho e esperamos, juntamente com o seu apoio, continuar fortalecendo a revista e ampliando seu alcance a públicos em diversos países.
Comitê editorial